
Alimentando Ovelhas ou Entretendo Bodes?
“Todas as nações serão reunidas em sua presença, e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos: porá as ovelhas à sua direita e os cabritos, à sua esquerda” (Mateus 25:32, 33)
PASTORAIS
Clemente A, Albuquerque Jr.
11/30/20252 min read


De que lado você está?
Quando o Filho do Homem vier em Sua glória e se assentar no trono, Ele fará a distinção definitiva que a história humana tenta ignorar: a separação entre as ovelhas e os bodes! Enquanto aguarda esse dia solene, a Igreja vive a tensão de caminhar em um campo misto, no qual ambos se misturam e muitas vezes, aos nossos olhos, se confundem. Jesus conhece Suas ovelhas, e zela por elas. No entanto, há uma tentação sutil e perigosa que tem rondado muitos púlpitos e liturgias modernas: a de alterar a dieta da Casa de Deus, para agradar o paladar daqueles que não pertencem ao rebanho do Supremo Pastor.
A natureza da ovelha é distinta: ela conhece a voz do seu pastor e o segue (João 10:27); ela carece de pastos verdes e águas tranquilas para sobreviver (Salmo 23). Ovelhas não sobrevivem com lixo, nem com plástico, nem com o artifício de grama sintética. Elas precisam de nutrição real. Por outro lado, o bode é, por natureza, obstinado, independente e possui um paladar indiscriminado, capaz de “comer” qualquer coisa que lhe entretenha o estômago momentaneamente. O perigo surge quando a Igreja, na ânsia de ser relevante ou numerosa, transforma o culto em um espetáculo de entretenimento, projetado para segurar os bodes, enquanto as ovelhas de Cristo morrem de inanição espiritual nos bancos!
Se o nosso culto se torna um palco de performances, se a pregação se dilui em palestras motivacionais e se a doutrina é substituída por novidades terapêuticas, estamos, na verdade, servindo “fast-food” espiritual. Esse cardápio pode até atrair e entreter uma multidão de bodes, mantendo-os ocupados e “satisfeitos” com uma religiosidade epidérmica. Mas esse tipo de alimento é veneno para as ovelhas: a ovelha de Cristo, regenerada pelo Espírito, tem fome da Palavra da Cruz, tem sede da Graça soberana e só encontra repouso na doutrina sólida dos apóstolos.
Não nos enganemos: o entretenimento pode encher auditórios, mas apenas a exposição fiel das Escrituras edifica a Igreja. Jesus ordenou a Pedro: “Apascenta as minhas ovelhas”, e não “Entretenha os meus bodes”. O papel do ministério pastoral não é criar um ambiente onde o homem natural se sinta confortável em seus pecados, mas preparar uma mesa onde o homem espiritual seja fortalecido em sua santificação. Tentar converter bodes em ovelhas através do entretenimento é uma impossibilidade teológica; apenas o poder criativo da Palavra de Deus pode operar o milagre do novo nascimento!
Portanto, amada Igreja, não estranhem se nossa liturgia parecer às vezes “pesada” para o mundo, ou se nossa pregação confrontar o espírito da época. Jesus também enfrentou essa reação (João 6:60). Não estamos aqui para oferecer um show de variedades, mas para servir o Banquete do Cordeiro. Que o nosso apetite seja provado e aprovado. Que rejeitemos as cascas vazias da religião de consumo e busquemos, com zelo, o alimento sólido que nutre a alma para a vida eterna, sabendo que, no Grande Dia, o Rei chamará as Suas ovelhas não pelo quanto se divertiram, mas por Quem elas seguiram!
Solus Christus! Soli Deo Gloria!
